
Uma família de Alagoas vive um verdadeiro drama com o registro de oito casos de câncer, sendo cinco deles colorretais. A principal suspeita recai sobre uma síndrome genética que aumenta a predisposição ao desenvolvimento de tumores malignos.
Rosa Maria de Lima Silva, contadora e educadora de 62 anos, compartilhou a história de sua família e a luta constante contra a doença.
“O primeiro caso de câncer em nossa família foi do meu irmão Mário, diagnosticado com um tumor no cólon direito em 2004”, relembra Rosa Maria. “Cinco anos depois, fui eu que recebi o diagnóstico de um tumor no útero, detectado após a remoção do órgão aos 47 anos.”
Rosa enfrentou a notícia como uma sentença de morte, mas não desistiu. Passou por tratamentos agressivos, incluindo a remoção dos ovários e trompas, além de sessões de radioterapia e braquiterapia. O tratamento deixou marcas profundas, tanto físicas quanto emocionais, resultando em sérios problemas intestinais.
“A sensação é de ter uma bomba-relógio prestes a explodir”, desabafa Rosa. “Dos 11 irmãos, seis tiveram algum tipo de câncer. Dois faleceram por outras causas, e três pela doença.”
Suspeita de Síndrome Genética
A saga da família Lima Silva sugere a presença da síndrome de Lynch, uma condição genética que predispõe ao câncer colorretal, entre outros tipos. O sobrinho de Rosa, Talmy, foi diagnosticado com essa síndrome, reforçando a suspeita de que a predisposição genética está por trás dos múltiplos casos de câncer na família.
“A descoberta da síndrome de Lynch em Talmy indica que outros membros da família podem estar em risco”, explica Rosa. “Enquanto alguns de nós estão se organizando para fazer o teste genético, outros têm medo e preferem não saber.”
Os membros da família que enfrentam a doença passaram por tratamentos invasivos e cirurgias para tentar controlar o câncer. O gastroenterologista Herbeth Toledo, responsável pelo atendimento da família, descreve os procedimentos complexos realizados devido ao estágio avançado dos cânceres ao serem diagnosticados.
“Realizamos ressecções intestinais extensas para remover as áreas afetadas e prevenir metástases”, explica Toledo. Ele aconselha todas as famílias com múltiplos casos de câncer a realizarem testes genéticos para identificar possíveis condições hereditárias.

Síndrome de Lynch – @Reprodução
Compreendendo a Síndrome de Lynch
A síndrome de Lynch aumenta significativamente o risco de vários tipos de câncer, incluindo o colorretal e o de endométrio. Pessoas com essa síndrome possuem uma mutação genética que afeta a capacidade do corpo de reparar danos no DNA, levando ao desenvolvimento de tumores.
Embora não haja cura para a síndrome de Lynch, a detecção precoce é crucial. Exames preventivos, como colonoscopias frequentes, e até mesmo cirurgias preventivas podem ajudar a gerenciar o risco.
Para Rosa e sua família, o caminho à frente envolve testes genéticos e vigilância constante. “A possibilidade de ter a síndrome de Lynch gera ansiedade, mas hoje entendo que o câncer não é uma sentença de morte”, diz Rosa. “Com apoio e prevenção, podemos enfrentar esse desafio juntos.”