A imprensa estatal iraniana confirmou nesta segunda-feira a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em um acidente de helicóptero ocorrido no último domingo, 19 de maio. O helicóptero em que Raisi viajava caiu em uma região montanhosa no noroeste do país, enfrentando condições de forte neblina. A tragédia também vitimou o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, e vários outros membros da comitiva presidencial.
As equipes de busca e resgate, que trabalharam intensamente desde o desaparecimento da aeronave, encontraram os corpos na manhã de segunda-feira. “Estamos no processo de transferência dos corpos dos mártires para Tabriz [no noroeste do Irã]”, declarou o chefe do Crescente Vermelho iraniano à televisão estatal.
O Acidente
O helicóptero de Raisi era um dos três que compunham um comboio presidencial. A aeronave caiu em uma área remota e montanhosa na província do Azerbaijão Oriental, enquanto retornava de uma visita oficial ao Azerbaijão, onde Raisi havia se encontrado com o presidente Ilham Aliyev para a inauguração das barragens de Qiz Qalasi e Khodaafarin. As difíceis condições climáticas, incluindo uma densa neblina, foram apontadas como um fator significativo no acidente.
Equipes de resgate em busca do presidente do irã – @Reuters
Quem Foi Ebrahim Raisi?
Ebrahim Raisi, de 63 anos, era um clérigo radical e uma figura influente no cenário político iraniano. Eleito presidente em 2021, Raisi era conhecido por sua proximidade com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e era considerado por muitos como um potencial sucessor de Khamenei.
Antes de sua presidência, Raisi foi chefe do Judiciário iraniano e desempenhou um papel central na repressão de dissidentes políticos, o que lhe rendeu sanções internacionais. Seu mandato presidencial foi marcado por tensões regionais e protestos internos, especialmente após a morte de Mahsa Amini sob custódia policial em 2022, que desencadeou uma onda de manifestações antigovernamentais em todo o país.
Presidente do Irã – @Reprodução
Sucessão Presidencial
Com a morte de Raisi, a Constituição iraniana prevê que o primeiro vice-presidente, Mohammad Mokhber, assuma interinamente a presidência. Mokhber, de 69 anos, é um aliado próximo de Khamenei e tem uma longa trajetória política e administrativa, incluindo sua atuação como executivo-chefe da Setad, uma organização financeira multibilionária controlada pelo líder supremo.
Segundo o artigo 131 da Constituição iraniana, Mokhber, juntamente com os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário, será responsável por organizar uma eleição especial para um novo presidente dentro de 50 dias. Esta transição de poder deve ser aprovada pelo líder supremo, que detém a palavra final em todos os assuntos de Estado no Irã.
A morte de Ebrahim Raisi abre um novo capítulo na política iraniana, marcado por incertezas e desafios. O regime iraniano, abalado pela perda de uma de suas principais figuras, deverá agora conduzir o país através deste período de transição, enquanto enfrenta pressões internas e externas.
Vice-presidente do Irã – @Reuters
Repercussão Internacional
Líderes de diversos países expressaram suas condolências e ofereceram apoio ao Irã. No Paquistão, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif decretou um dia de luto nacional. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou estar em pleno contato com as autoridades iranianas para fornecer qualquer apoio necessário. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, descreveu Raisi e Amir-Abdollahian como “amigos verdadeiros e confiáveis” de seu país.
O falecimento de Raisi ocorre em um momento de intensas tensões regionais, especialmente entre Irã e Israel, e aumenta a complexidade do cenário geopolítico no Oriente Médio. Com a confirmação de sua morte, o Irã se prepara para enfrentar um período de luto e a difícil tarefa de organizar novas eleições presidenciais.
