
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo nesta quarta-feira (23/04), por determinação judicial, como parte da Operação Sem Desconto, uma ação de grande escala deflagrada pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU).
A operação investiga um esquema nacional de descontos associativos não autorizados aplicados em aposentadorias e pensões, que pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
Segundo as investigações, o esquema envolvia a inserção de mensalidades de associações e sindicatos sem o consentimento dos beneficiários nos contracheques de aposentados e pensionistas. Os valores, muitas vezes não reconhecidos pelas vítimas, eram debitados automaticamente, beneficiando entidades e empresas ligadas ao suposto grupo criminoso.
Além de Stefanutto, outros cinco servidores públicos federais foram afastados de seus cargos. A operação cumpriu 211 mandados judiciais em 13 estados e no Distrito Federal, incluindo seis mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão. Cerca de 700 agentes da Polícia Federal e 80 servidores da CGU participaram da ação.
Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e violação de sigilo funcional. De acordo com os investigadores, a operação é resultado de meses de apurações e cruzamentos de dados financeiros, beneficiando-se também de denúncias apresentadas por beneficiários prejudicados.
O Ministério da Previdência Social ainda não se manifestou oficialmente sobre o afastamento de Stefanutto. Já o ministro Carlos Lupi, que chefia a pasta, não é alvo da operação, segundo confirmou a própria PF.
As investigações continuam, com a análise do material apreendido e o rastreamento de movimentações financeiras suspeitas. O INSS ainda não informou quem assumirá interinamente a presidência do órgão.