SÃO JOSÉ DA LAJE – A pequena cidade de São José da Laje, no estado de Alagoas, é palco de um cenário político efervescente. A possível perda de apoio do ex-senador Fernando Collor, que acaba de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pode abalar significativamente as bases de uma das figuras mais influentes da política local: Paulo Roberto Pereira de Araújo, conhecido como Neno da Laje.
Collor era um dos últimos aliados relevantes de Neno, que há mais de uma década é figura dominante na política de São José da Laje. Sua influência se estendeu até a cadeira do Executivo municipal, com Angela Vanessa, sua apadrinhada política, atualmente na prefeitura. Neno já planeja as eleições de 2024, quando pretende fazer de seu filho, Rodrigo Valença, que já foi prefeito do município, o sucessor de Vanessa.
Contudo, os recentes acontecimentos em Brasília ameaçam desmantelar essa estrutura. Além da condenação de Collor, Neno enfrenta uma série de revezes, como a perda de importantes apoios na esfera estadual, o abalo em sua relação com Arthur Lyra, e a inexistência de uma aliança com Marcelo Victor, outro nome proeminente da política alagoana.
Neste turbilhão político, a oposição se mobiliza. A vereadora Fabrícia Veras se apresenta como um contraponto à hegemonia de Neno e pode se beneficiar desse ambiente de incertezas. Com o apoio do governo do estado, Fabrícia se coloca como alternativa para os eleitores de São José da Laje em 2024.
A decisão do STF em relação a Collor deu uma guinada na dinâmica política de São José da Laje. Se Collor for preso, a situação para Neno e seus planos de eleger seu filho podem se complicar ainda mais, e a falta de um mandato na família pode sinalizar o início do fim de uma era para Neno da Laje.
Condenação de Collor
Fernando Collor, ex-presidente e ex-senador, foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por integrar uma organização criminosa, com seis votos favoráveis à condenação pelo STF. O tempo de pena, entretanto, ainda será determinado pelo tribunal. O relator, ministro Edson Fachin, votou por uma pena de 33 anos, dez meses e dez dias de reclusão em regime inicial fechado.
As acusações contra Collor emergiram de investigações da Operação Lava Jato, e o envolvem em supostos recebimentos de propinas em contratos da BR Distribuidora, antiga subsidiária da Petrobras na venda de combustíveis. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Collor e seu grupo de terem recebido R$ 30 milhões em propina entre 2010 e 2014.